quarta-feira, 11 de março de 2009

Soneto 11

Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;

É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;

É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade, se tão contrário a si é o mesmo Amor?

Luiz Vaz de Camões

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Primeira carta de São Paulo aos Coríntios
(l Cor 13)
"Ainda que eu falasse línguas, as dos homens e as dos anjos,
se não tivesse amor seria como bronze que soa,
ou como um címbalo que retine".
Ainda que eu tivesse o dom da profecia,
o conhecimento de todos os mistérios e toda ciência,

Ainda que eu tivesse a fé a ponto de transportar os montes,
se eu não tivesse amor, nada seria eu.

Ainda que eu distribuísse todos os meus bens aos famintos,

ainda que eu entregasse meu corpo às chamas,
se eu não tivesse amor, isso nada me adiantaria.

O amor é paciente, o amor é prestativo,
não é invejoso,
não se ostenta,
não se incha de orgulho.
Nada faz de inconveniente,
não se irrita, não guarda rancor.
Não se alegra com a injustiça,
mas se regozija com a verdade.

Tudo desculpa, tudo crê,
tudo espera, tudo suporta.
O amor jamais passará.
há um tempo em que vacilam as profecias,
as línguas emudecem e o saber desaparece
porque só em parte conhecemos e só em parte profetizamos,
mas quando chega a perfeição os limites apagam-se.
Quando eu era criança, falava como criança, sentia como criança, pensava como criança:
quando me tornei homem abandonei as coisas de criança.
Agora vemos por um espelho, e de maneira obscura,
o que depois veremos face a face.
Agora conheço apenas uma parte, mas então conhecerei conforme também sou conhecido.
Agora permanecem fé, esperança, amor, todos juntos.
Mas o maior de todos é o amor.

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Monte Castelo / Renato Russo

Ainda que eu falasse a língua do homens.
E falasse a língua do anjos, sem amor eu nada seria.
É só o amor, é só o amor.
Que conhece o que é verdade.
O amor é bom, não quer o mal.
Não sente inveja ou se envaidece.
O amor é o fogo que arde sem se ver.
É ferida que dói e não se sente.
É um contentamento descontente.
É dor que desatina sem doer.

Ainda que eu falasse a língua dos homens.
E falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria.
É um não querer mais que bem querer.
É solitário andar por entre a gente.
É um não contentar-se de contente.
É cuidar que se ganha em se perder.
É um estar-se preso por vontade.
É servir a quem vence, o vencedor;
É um ter com quem nos mata a lealdade.
Tão contrário a si é o mesmo amor.
Estou acordado e todos dormem todos dormem todos dormem.
Agora vejo em parte. Mas então veremos face a face.
É só o amor, é só o amor.
Que conhece o que é verdade.
Ainda que eu falasse a língua dos homens.
E falasse a língua do anjos, sem amor eu nada seria.